A GLORIA DE MARIA DA GLORIA!

9 de OUTUBRO - NOSSA HOMENAGEM AOS 40 ANOS DA CONQUISTA DE MARIA DA GLORIA CARVALHO NO MISS INTERNATIONAL 1968!

Tóquio, via Varig - Quando o apresentador oficial do The World Beauty Congress anunciou que a representante do Brasil (Brasil, em japonês, se pronuncia burogiro) havia sido eleita Miss Beleza Internacional de 1968, o estádio do Budokan tremeu. Naquele dia (9 de outubro), Tóquio havia sido sacudida duas vezes por rápidos terremotos que deixaram os coordenadores do concurso preocupados. Daquela vez, entretanto, o abalo não era sísmico. Os gritos, aplausos e as bandeiras que apareceram na platéia apenas demonstravam que a torcida brasileira de Maria da Glória Carvalho estava presente também no Japão para saudar sua vitória de mulher bonita.

Não só os brasileiros aplaudiam. A escolha de Maria da Glória foi quase que unânime pelos espectadores, principalmente depois de sua apresentação em maiô. Aliás, foi o maiô que derrubou muita gente nesse desfile. Miss Israel, por exemplo. Seus olhos verdes e seu lindo rosto - talvez o mais bonito do concurso - não conseguiram superar seus quadris muito largos e suas celulites exageradas. Também a inglesa Gloria Best, que já era apontada como uma das prováveis vencedoras, foi denunciada pelas suas pernas em arco e mal torneadas. Maria da Glória Carvalho, Miss Guanabara, Miss Brasil nº 3 e, agora, Miss Beleza Internacional, ganhou um prêmio de 2 milhões de yens (quase 30 milhões de cruzeiros antigos), além da coroa de pérolas, brilhantes e platina a que fez jus, oferecida pela maior empresa de jóias do mundo - a Mikymoto. Segundo a opinião dos jornalistas internacionais que cobriram o concurso, os 14 jurados deste ano foram de uma felicidade inédita, na escolha das vencedoras. Em quinto lugar ficou Miss Tailândia, Roongtip Pinyo, que já havia ganho o título de Miss Fotogenia; em quarto, Miss Dinamarca, Dorrit Frantzen; em terceiro, Miss USA, Karen Ann MacQuarrie, e em segundo, Miss Suécia, Annika Hemminge.

Depois do resultado, Glorinha confessou que acreditava, "'no máximo, conseguir um terceiro lugar". Sua candidata era a sueca, que acabou em 2º com uma distância de 12 pontos atrás. A recepção pela vitória foi oferecida pelo ministro Oscar Soto Lorenzo Fernandes, que substitui o embaixador brasileiro em Tóquio, que está aposentado. O que todos queriam saber de Glorinha era sobre como ela gastaria o dinheiro do prêmio. Nos seus planos está um mês de Japão, para "conhecer bem o outro lado do mundo" e, depois, uma volta para casa bem demorada, via Europa, onde vai aproveitar para estudar um pouco Psicologia, que, segundo ela, "é o que ajuda a vencer esses concursos". Modéstia. Afinal, num concurso de beleza, não é só com Psicologia que se vence.

TEXTO: Ubiratan de Lemos (enviado especial), O CRUZEIRO nº43, ano XL