Em tempos de crise nos trajes típicos, atualmente estacionados nas apoteóses florestais ou nas Iemanjás - vamos rever o traje típico de baiana, o mais famoso e usado anos a fio por nossas misses. Foi na verdade mais um derivativo do traje de Carmen Miranda do que do tradicional traje das verdadeiras baianas. Vejamos a história do traje que fez a Pequena Notável a Rainha do Balangandã e caracterizou nosso país."A imagem da baiana estilizada, pela qual ficou mundialmente conhecida, foi uma invenção da própria Carmen Miranda. Ela estreou o figurino no filme Banana da terra, de 1939, cantando O que é que a baíana tem?, de Dorival Caymmi. Ligada à moda, tendo trabalhado numa chapelaria antes de virar cantora, Carmen escolheu por sua conta os tecidos e adereços para a fantasia na Casa Turuna, especializada em artigos carnavalescos e ainda hoje existente, no centro do Rio de Janeiro.
Nos Estados Unidos ela continuou fazendo sucesso com sua roupa de baiana, mas uma baiana devidamente programada, que pudesse dançar, além de samba, bolero ou rumba. Estilistas americanos, entre eles Helen Rose, da Metro, entraram em ação para troopícalízar ainda mais a indumentária e corrigir o que em Carmen não se adequava aos padrões de Hollywood - por exemplo, a sua baixa estatura (1,53 metro), compensada à custa de sapatos plataforma com saltos que variavam de 15 a 17 centímetros.
As roupas eram feitas de forma a disfarçar os quadris da intérprete, considerados largos demais, e com o cuidado de não deixar à mostra o umbigo, coisa considerada indecente na época. Se a autonomia da artista não acabou nos Estados Unidos, pelo menos reduziu-se muito. Carmen tinha, no máximo, o direito de palpitar sobre as frutas que deviam figurar nos seus turbantes. Conta-se que, certa vez, rejeitou uma melancia. A Pequena Notável virou, enfim, a Brazílían bombshell - estereótipo cultural, entre muitos, que Hollywood produziu."
REVISTA NOSSA HISTORIA nº6
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