sexta-feira, agosto 08, 2008

A CHINA

Trinta anos depois do fim da Revolução Cultural de Mao Tse Tung, a China continua sendo um país socialista de partido único e o governo chinês segue descrito como autoritário, com pesadas restrições em diversas áreas, em especial no que se refere às liberdades de imprens, de direitos reprodutivos e de religião, além de obstáculos ao livre uso da internet.
Mas, muita coisa mudou nesse tempo! O "grande salto para a frente" como pregava Mao na Revolução Cultural, acabou ocorrendo de uma forma inversa. Desde 1978, o país implementa reformas para adotar uma economia de mercado, o que ajudou a tirar 400 milhões de pessoas da pobreza. Atualmente é a quarta maior economia do mundo (ou a segunda maior, pelo critério de paridade de poder de compra). Hoje há uma efervescência econômica no país - os chineses estão consumindo, classes sociais se formando; valorizam suas tradições, mas adoram tudo que vem do ocidente.
Nesse ritmo os concursos de beleza estão em alta no país, depois de serem considerados durante décadas um "western culture nonsense". Participar de um concurso significava desvalorização da mulher e eram acusadas de falta de respeito. Atualmente a visão dos concursos mudou e mostrar-se na passarela tem um significado de liberdade e solidificação dos direitos da mulher, nada a ver mais com padrões morais. Para muitas chinesas os concursos são vistos como uma plataforma para carreiras de modelo, moda e show business.
Os beauty pageants viraram um negócio na China e “da China”. As províncias competem entre si pela realização dos eventos e anualmente há dezenas de concursos internacionais que variam do Miss World ao Miss International, do Miss Tourism Queen até o recente Miss Leisure, ocorrendo e promovendo as mais diversas áreas do país.
Para os chineses, assim como as Olimpíadas, os concursos de beleza são uma espécie de circo trazido do Ocidente para diversão deles. Mais que uma grande movimentação econômica são uma ressignificação no sentido antropológico e enaltecem a grandiosidade da nação. No fim das contas, divertem-se eles e divertimo-nos nós, cada um em seu paradigma cultural.
FOTO: quadro de Andy Wharol

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